sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Indecisão...A mala está pronta...


Talvez amanhã, ao acordar, o meu coração me diga se devo partir ou ficar.
Estou dividida. Tenho a mesma vontade de te ver como a de deixar ficar tudo assim, arrumadinho na memória...como até hoje.

Eu sei que me queres aí. Sei que me queres ver...rever e reviver. Mas até que ponto se pode pegar numa história passada e colocá-la no nosso presente com a mesma intensidade?

Sei que as lembranças te pregam partidas. Acontece-me o mesmo. De quando em vez, do nada, vens-me à memória. E volto lá atrás, a uma época em que o destino nos colocou no mesmo caminho. Mas foram dias, apenas dias....e vejo-te a tocares a tua viola para mim, o teu dedilhar de emoção que tanto me enternecia. E ouço-te a cantar um fado. Até hoje, vê tu, quando ouço um fado me comovo, e penso em ti. Foste tu que me ensinaste a gostar.
Vejo-te de novo comigo e em mim. Vejo de novo a praia à noite, o teu toque, o teu olhar da cor do mar que te pôs na minha jornada. Recordo o teu sorriso, sempre suspenso...como tudo o que estávamos a viver. Recordo o teu cheiro. Acreditas? O teu cheiro que ficava entranhado na minha pele... cinco anos depois. E foi tão pouco tempo!

Como pode ficar alguem preso a nós, quando passou de raspão na nossa vida? Há as pessoas que são partes de nós, há as outras que partem de nós...e nós partimos, um do outro, tu para viveres uma vida, eu outra. Inevitavelmente as nossas partes partiram-se e partiram.


Olha para nós, agora. Cinco anos depois ainda a lembrar o outro. Olha para nós agora que tão poucas vezes nos falamos e vem assim um desejo de nos perdermos outra vez. Olha para ti agora a ligares, uma vez mais, a dizeres-me: vem. A fazeres o que sempre fazes quando a vida te maltrata...quando num misto de carinho e saudade pensas em mim. E eu sempre a dizer que não, que não posso, que não devo. Sempre a recusar... mas sem nunca ter coragem para te mentir e dizer que não quero.

E continuamos assim, de longe, a gostar devagarinho. Um gostar de criança que nunca aprendeu a amar...

E olha para mim agora, outra vez, a ponderar se devo ou não ir. Se quero ir ou não.
Por medo. Medo que depois a memória não continue com este carinho, que se altere depois de te ver outra vez. Olha para mim, agora. Dividida entre a vontade e o medo.

Não sabias, pois não? Nunca soubeste que aqui dentro pudesse existir o medo. Viste-me como mulher altiva, sempre. Mulher que corria pelos desejos sem reparar nos olhares que criticavam pela inveja de não terem a mesma coragem. Mulher corajosa. E hoje, olha para mim....sem saber se pego na mala e parto, para ir aí, ter contigo.
Como me verás agora? Aquela que conheceste só deixou aqui um bocadinho. E como estarás tu agora?
E se me perco? E se não quero mais voltar?

Talvez amanhã já saiba...hoje, rodopiam os pensamentos em mim. Gosto-te. Tu sabes. Será este gostar suficientemente forte para arriscar a transformação de memórias?
E se tudo for de novo perfeito demais?

Talvez amanhã, ao acordar, saiba se devo e se quero partir. Hoje não. Hoje não sei...


Talvez amanhã....sim, amanhã.
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