A Sua Pontualidade Diz Muito Sobre Você.
A Sua Impontualidade, Mais Ainda
Tenho um
amigo, francês, que aqui vou chamar de Pierre. Radicado no Brasil há uma
década, Pierre é reputado por seu senso de humor refinado, visão estratégica e
predileção por boas cervejas. Quase todas as vezes que marquei algo com Pierre,
fosse um almoço, café ou reuniões de trabalho, a pontualidade do brasileiro (ou
a falta de) esteve em pauta.
É evidente
que, nestes três anos de convívio, devo ter-me atrasado em umas duas ou três
ocasiões, afinal, vivo em São Paulo, e ainda que me locomova sem carro por
opção, tenho a cidade inteira contra mim quando quero chegar na hora a um
compromisso.
Nas ocasiões
em que anunciei uma eventual demora, Pierre não perdeu a oportunidade: “Vai se
atrasar, né? Como bom brasileiro…”, cutucou ele, rindo.
Sou obrigado
a condescender com o francês: a pontualidade por aqui, definitivamente, não é
levada a sério. Ainda duvida?
A aula na
faculdade começa às 8h? Não corra, a tolerância é de 10 minutos! O escritório
abre às 9h, mas ninguém decretará falência se o colaborador chegar às 9h30
(umas duas vezes por semana). O convite da festa infantil marca 15h? Apareça
umas 16h que talvez o aniversariante já esteja pronto. Jantar em casa de amigos
às 20h? Ninguém te deixará morrer de fome se você se atrasar 20 minutinhos. Em
casamentos, inovação: padrinhos agora chegam após a noiva.
Compromissos
corporativos não escapam à regra: reuniões, cafés-da-manhã, kick-offs e
fechamentos, entre outros, estão sempre, ou quase, sujeitos a delay.
Isso sem
falar dos atrasos dos ônibus, trens, metrôs, aviões, serviços médicos, entrega
de mercadorias, de obras…
A
impontualidade no Brasil é cultural. Está impregnada em todas as áreas, em
todos os níveis.
Pensando
alto aqui, me questiono até onde essa falta de compromisso com os compromissos
nos leva e nos levará? Os pequenos atrasos do dia-a-dia são exclusivamente
pequenos atrasos ou o início de uma grande onda de lama tóxica que arrebata
tudo e todos por onde passa? Para ponderar.
A
pontualidade está sempre entre as características mais marcantes das pessoas
bem-sucedidas
Convém
lembrar que pontualidade não é favor. Controlar o próprio tempo é uma
responsabilidade, entre tantas que permeiam nosso dia. Com a diferença que
esta, quase sempre, envolve terceiros. Ser pontual, sendo assim, demonstra
respeito para com o outro.
Numa rotina
caótica como a nossa, com dezenas de micro-compromissos diários e centenas de
e-mails para ler na semana, quem controla seus horários com rigor e consegue
estar na hora marcada em locais previamente estabelecidos agrega valor a sua
imagem, lustra o seu nome e a sua marca.
A
impontualidade gera desconforto, mancha reputações e, no longo prazo, pode
estragar uma carreira
O atraso
compulsivo como regra, por sua vez, demonstra exatamente o contrário: a imagem
de uma pessoa muitas vezes atrapalhada, que tem dificuldades em cumprir o que
promete, refém até dos pequenos obstáculos. No campo profissional, quem se
mostra incapaz de gerenciar o próprio tempo, em certos casos, perde até a
oportunidade de gerir equipes e projetos maiores.
Chega a ser
notável a criatividade daqueles que arrumam tantas desculpas por não comunicar
atrasos num mundo interconectado por WhatsApp, FaceTime, Skype, Facebook, SMS e
o velho telefone.
Criar um
networking consistente, que impulsiona carreiras e negócios, passa primeiro por
confiança e credibilidade. E estas não se compram. Se conquistam com
comprometimento, excelência e respeito.
(Autor: Marc
Tawil – Jornalista, radialista e escritor)
(Fonte:
linkedin.com)
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